O projeto Inspirações Naturais mapeou a vegetação de Balneário Camboriú e vai transformar as descobertas em uma mostra de dança contemporânea, que ocorre no final deste mês. A iniciativa da bailarina e diretora artística, Caroline Calcaterra, tem patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura e busca valorizar as belezas naturais do município. Com ajuda da educadora ambiental Dalva Schuch, os bailarinos-pesquisadores do Núcleo Corpóreo conheceram mais sobre florestas, microclimas, decomposição, espécies endêmicas e exóticas e a importância das florestas para a vida humana.

A primeira fase do projeto começou com quatro imersões em locais com diferentes características de flora e fauna: Parque Raimundo Malta, Campus da Univali e bairro Centro, Praia de Taquarinhas e Sítio de Permacultura Nova Oikos Camboriú, no bairro Várzea do Ranchinho. Nestes espaços, a diretora artística Caroline Calcaterra e os bailarinos-pesquisadores observaram a vegetação e captaram sons naturais.

A visita ao Parque Raimundo Malta, com uma área verde protegida e em fase de recuperação, permitiu ao grupo o contato com a vegetação florestal nativa da Mata Atlântica. Em outro momento, uma atividade realizada no campus da Univali de Balneário Camboriú, que tem conexão vegetativa com o parque Raimundo Malta, possibilitou a percepção da separação e fragmentação da vegetação nas áreas urbanizadas e uma mudança abrupta da paisagem.

"A cidade avança e poucos são os espaços dedicados a vegetação. Pequenos canteiros em passeios estreitos, espécies arbóreas ora nativas ora exóticas. O grupo percebe e se movimenta buscando a interface da floresta ao concreto. As atividades artísticas desenvolvidas e inspiradas no ambiente natural, trazem texturas, sons, cores e aromas que transportam os dançarinos à manifestação corporal, tornando-os parte do ambiente, quando emerge o movimento: a dança contemporânea", comenta a professora e educadora ambiental, Dalva Schuch.

Bambuzal, bromélias, mar, areia, restinga e riacho foram outros elementos encontrados pela cidade e que estão conduzindo o processo criativo dos bailarinos até a mostra final. O trabalho sensitivo visa converter tudo que foi captado pelos sentidos em movimentos na linguagem da dança contemporânea.

"Em uma caminhada, desde a Univali até o Centro de Balneário Camboriú, o calor da cidade foi uma descoberta terrível. A falta de árvores nas calçadas nos deixou desamparados e foram necessárias paradas revigorantes debaixo das copas de árvores maiores encontradas ao longo do caminho. Concluímos a importância fisiológica de ter mais árvores no município", conta a diretora Caroline Calcaterra.

Outra bailarina-pesquisadora do projeto, Michele Chaves, também confirma a sensação de falta de vegetação na área central. "Ao sair do campus me desconectei um pouco do processo, o sol estava muito quente. Mostrou que realmente o exterior influência no processo com a natureza, o ar na cidade fica mais pesado, barulho de carros, asfalto quente e poucas árvores no caminho", relatou.


Mostra de dança

Durante a pesquisa, a equipe também gravou sons naturais doa vários habitats visitados para criar uma paisagem sonora, que será composta pelo artista Fernando Dalla Nora. Atualmente, os bailarinos estão ensaiando as coreografias inspiradas na experiência.

Toda pesquisa será apresentada de forma digital e por meio de uma mostra-performance "InspiNat", que ocorrerá no dia 24 de janeiro de 2020, às 21h, no Teatro Municipal Bruno Nitz. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro.


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